Desembargador aposentado chama Moraes de ‘pior pessoa do mundo’ após sentença de 14 anos para mulher que pichou estátua da Justiça com batom
Moraes, por sua vez, classificou os atos de Débora como crimes graves, comparáveis aos imputados a Bolsonaro e outros acusados de planejar um golpe de Estado em 2022.

O desembargador aposentado e advogado Sebastião Coelho, defensor de Filipe Martins, ex-assessor do governo Bolsonaro, criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, do STF, classificando-o como uma das “piores pessoas do mundo”. A declaração foi feita em reação à sentença de 14 anos de prisão imposta à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada por envolvimento nos atos do 8 de janeiro. (Vídeo no final da matéria).
Débora ganhou notoriedade ao pichar a estátua da Justiça com a frase “perdeu, mané”, em alusão a um comentário do ministro Roberto Barroso em 2022. Em vídeo divulgado no Instagram, Coelho contestou a alegação de Moraes de que a ré teria vandalizado a estátua, argumentando que a pichação foi rapidamente removida e que a interpretação de gravidade do ministro é exagerada. Coelho, inclusive, incentivou mulheres a replicarem a frase em solidariedade a Débora.
Moraes, por sua vez, classificou os atos de Débora como crimes graves, comparáveis aos imputados a Bolsonaro e outros acusados de planejar um golpe de Estado em 2022. As acusações incluem associação criminosa, dano ao patrimônio público e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito, baseadas em imagens da ré pichando a estátua, interpretadas pelo ministro como apoio aos protestos antidemocráticos.
A defesa de Débora, liderada por Coelho, alega que não há provas de que ela tenha invadido as sedes dos Três Poderes, e que as imagens a mostram apenas na praça, o que não seria suficiente para comprovar sua participação nos crimes. Moraes, no entanto, argumenta que os atos, por terem ocorrido em meio a multidões, permitem a responsabilização coletiva. Outro ponto de controvérsia é o apagamento de mensagens do WhatsApp por Débora, interpretado pelo ministro como tentativa de ocultar seu envolvimento nos eventos.
Débora foi presa preventivamente em 2023 e se tornou ré por unanimidade na 1ª Turma do STF, apesar dos esforços da defesa para reverter a denúncia. O caso reacende o debate sobre os limites da justiça em resposta a atos de protesto e a proporcionalidade das penas aplicadas.