Dois anos após manobra tucana, Alesp vai investigar suposta corrupção do PSDB em SP
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) vai investigar, dois anos depois, atos de corrupção praticadas por agentes públicos e políticos de gestões do PSDB em São Paulo na extinta empresa de economia mista Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), responsável pelas grandes obras viárias do Estado, como o Rodoanel.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), protocolada pelo PT em 2019, foi instaurada em fevereiro deste ano, com apoio de deputados bolsonaristas, mas ainda aguarda instalação para iniciar os trabalhos.
O objetivo da CPI é investigar o histórico de suspeitas de corrupção na Dersa, por meio da atuação do ex-diretor de engenharia da estatal Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado como operador do PSDB. Ele foi acusado de manter R$ 100 milhões em espécie que seriam utilizados pela Odebrecht para pagar propina a políticos e irrigar campanhas eleitorais entre 2010 e 2011.
Paulo Preto, condenado a mais de 145 anos de prisão na Operação Lava Jato por desvios nas obras do Trecho Sul do Rodoanel e da Jacu-Pêssego, ficou preso apenas por pouco mais de um ano, por se enquadrar no grupo de risco diante da pandemia do novo coronavírus. A força-tarefa da operação bloqueou R$ 113 milhões em uma conta ligada a ele nas Bahamas.
Parlamentares do PT e do PSL – partido do presidente Jair Bolsonaro à época do pedido de CPI – se uniram para investigar as gestões tucanas, que governam o Estado de São Paulo desde 1995.
Mas, em manobra, o PDSB conseguiu evitar a CPI ainda em 2019.
A estratégia tucana foi fazer uma maratona de 63 horas em fila para protocolar outros pedidos de CPI antes, uma vez que, entre as regras da Alesp, está a tramitação simultânea de apenas cinco comissões de investigação.
Mesmo que acabe sem consequência prática, a CPI da Dersa pode causar desgastes políticos ao atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos principais rivais de Jair Bolsonaro na disputa presidencial de 2022.
Inclusive, o nome do governador pode aparecer durante os trabalhos da CPI.
“Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, apontado como operador do PSDB foi preso, na Operação Ad Infinitum, que mira também o ex-ministro de Relações Exteriores do Governo Temer, Aloysio Nunes Ferreira. A operação Ad Infinitum realizou mandados de busca e apreensão em endereços ligados Aloysio Nunes Ferreira, que presidia a Investe São Paulo (Agência Paulista de Promoção de Investimento e Competitividade) do governo João Doria. No dia seguinte a divulgação da notícia, Aloysio pediu demissão da Investe São Paulo”, ressalta o documento protocolado pelo PT na Alesp.
Ainda não há data prevista para a instalação da CPI da Dersa, mas a liderança do PT na Assembleia de São Paulo acredita que pode acontecer nas próximas semanas.