São Paulo registra aumento de casos de coqueluche em 2024
Número no primeiro semestre já é mais de três vezes maior que no ano passado inteiro
Até o dia 22 de junho, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do estado de São Paulo registrou 178 casos de coqueluche. Em apenas seis meses deste ano, o número é três vezes maior do que o registrado no ano passado inteiro, quando 52 casos da doença foram notificados no estado. Segundo o CVE, nenhuma morte foi registrada.
A crescente de casos em São Paulo segue a tendência de aumento na prevalência da doença no mundo. Dezessete países da Europa e a China tiveram aumento de infecções neste ano. A alta preocupa especialmente a Europa por causa da alta concentração de visitantes que o continente vai receber em razão das Olimpíadas.
Em maio, o Centro Europeu de Controle e Prevenção das Doenças alertou que o continente registrou 32 mil casos de coqueluche apenas nos três primeiros meses de 2024, superando o total de registros de 2023 inteiro, que foi de 25 mil casos. Na China, foram notificados 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche até fevereiro.
Causada pela bactéria Bordetella Pertussis, a coqueluche é uma infecção respiratória que, na primeira fase da doença, tem sintomas muito semelhantes aos da gripe, o que dificulta o diagnóstico logo de início. Ela é transmitida pelo contato com secreções de uma pessoa contaminada, seja em objetos infectados ou por gotículas disseminadas na fala e na tosse.
A infecção nunca foi erradicada e, em momentos de maior vulnerabilidade da população, ela reaparece. O último surto no Brasil foi em 2014, quando o país registrou 8.614 casos e o estado de São Paulo teve 2.216 casos confirmados.
SINTOMAS EM TRÊS FASES
O quadro típico da coqueluche pode ser dividido em três fases. Na primeira, chamada de fase catarral, a pessoa apresenta tosse leve e bastante coriza. Nessa etapa, o paciente também pode ter febre e mal-estar. Como todos esses sinais são muito semelhantes aos da gripe, o diagnóstico nessa fase é difícil até mesmo para profissionais da saúde.
A segunda fase da coqueluche é marcada por tosse persistente e seca, que dura mais de dez dias. Ao identificar esse padrão, é preciso buscar atendimento médico para confirmar o diagnóstico.
Por fim, a terceira fase da doença continua tendo a tosse como sintoma, mas dessa vez, há um diferencial. Na tosse paroxística, uma pessoa tem a necessidade súbita de tossir e faz isso diversas vezes em sequência, o que leva à falta de ar. Chamado de guincho inspiratório, há um som específico após o final da crise de tosses, que pode levar ao vômito ou engasgo.
Caso o diagnóstico de coqueluche se confirme, o tratamento é feito com antibióticos, que devem ser prescritos por um médico especialista.
PREVENÇÃO
A vacinação contra coqueluche é a principal maneira de prevenir a doença e proteger os grupos mais vulneráveis. Além da pentavalente, disponível no SUS para crianças, a vacina tríplice bacteriana acelular (dTpa) também garante proteção contra a coqueluche e é aplicada gratuitamente em profissionais de saúde e gestantes a partir da 20ª semana de gravidez.
Vale lembrar que a imunidade adquirida pela vacina não é permanente. Segundo o Ministério da Saúde, após cinco a dez anos da última dose, a proteção pode ser pouca ou inexistente. Em pessoas que já foram infectadas pela bactéria da coqueluche, acontece o mesmo.
Além da vacinação, outras formas de evitar a transmissão da coqueluche incluem o uso de máscaras frente ao aparecimento de qualquer sintoma respiratório e a busca por atendimento médico caso a tosse persista por mais de dez dias para início do tratamento.
*AE