Wassef: Havia um plano traçado para assassinar Fabrício Queiroz e dizer que foi a família Bolsonaro que o matou
Em entrevista à Revista VEJA!, o advogado Frederick Wassef afirma que deu abrigo a Fabricio Queiroz por ter recebido informações de que Queiroz seria executado numa tentativa de incriminar o presidente da República.
Confira trecho da entrevista:
Por que o senhor decidiu esconder o Queiroz?
Eu sou um sobrevivente de quatro cânceres e soube o que estava passando o senhor Fabrício Queiroz. Isso me sensibilizou muito. Imaginava aquele cidadão sendo torturado psicológica e emocionalmente, sofrendo um assédio terrível. O presidente Bolsonaro simplesmente cortou contato ou relação com Fabrício Queiroz. Da mesma forma, o senador Flávio Bolsonaro se distanciou completamente. E eu imaginei o que seria para aquela pessoa. De repente, não está mais com os seus amigos, doente e assediada. Não podendo andar na rua, não podendo ter uma vida normal.
Foi, então, por aquilo que o senhor chamou de questão humanitária?
O que posso dizer, limitado pelo sigilo profissional, é o seguinte: eu sabia que ele precisava vir a São Paulo se tratar. Precisava ter um local para ficar. Ele não podia ficar em um hotel, em pousada ou nada do gênero. Então, por uma questão humanitária, eu fiz chegar ao conhecimento dele que podia ficar em uma de minhas propriedades. Ofereci três opções: a casa em Atibaia, uma em São Paulo e outra no litoral.
O senhor ofereceu essa ajuda ou ela lhe foi pedida?
Essa pergunta também envolve questão de sigilo, mas vou dizer o seguinte: eu apenas fiz chegar ao conhecimento dele que, caso necessitasse, estaria disponível um local para que pudesse ficar durante um momento tão difícil e conturbado que é um tratamento de câncer. Meu objetivo foi tão somente conceder um espaço para que uma pessoa não viesse a morrer. Sempre houve um distanciamento entre nós.
Especialistas dizem que o senhor pode ter praticado um crime.
Naquela época, Fabrício Queiroz era, como ainda é, um investigado. Ele não era indiciado. Ele não era denunciado. Ele não é réu na ação penal. Ele não era uma testemunha. E eu ainda não estava atuando como advogado do Flávio. Eu fiz uma coisa, em princípio, 100% humanitária. Depois, descobri que ajudei a salvar a vida dele de outra maneira.
Como assim?
Passei a ter informações de que Fabrício Queiroz seria assassinado. O que estou falando aqui é absolutamente real. Eu tinha a minha mais absoluta convicção de que ele seria executado no Rio de Janeiro. Além de terem chegado a mim essas informações, eu tive certeza absoluta de que quem estivesse por trás desse homicídio, dessa execução, iria colocar isso na conta da família Bolsonaro. Havia um plano traçado para assassinar Fabrício Queiroz e dizer que foi a família Bolsonaro que o matou em uma suposta queima de arquivo para evitar uma delação.
Quem teria interesse em assassinar Fabrício Queiroz?
Eu tive informações absolutamente procedentes e formei a minha convicção de que iriam matar Queiroz e iriam colocar a culpa no presidente Bolsonaro para fazer um inferno da vida dele. Na verdade, seria uma fraude. Algo parecido com o que tentaram fazer no caso Marielle, com aquela história do porteiro que mentiu.
O senhor, então, alega que agiu para defender o presidente?
Agi no regular exercício da advocacia. Eu era advogado do Flávio, hoje não sou mais. Naquele momento, meu entendimento é que eu queria evitar que Fabrício Queiroz fosse executado em uma simulação qualquer ou mesmo que sumissem com o seu cadáver.